Talvez, você que esteja agora lendo esse texto, tenha sentido isso que até hoje compartilhei com
pouquíssimas pessoas, algo que eu sentia mas nem sabia que existia até um nome
pra isso, um não, vários: desdobramento, projeção astral ou viagem astral. Já
ouviu falar?
Venho sendo tomada por
essa sensação desde criança, de ter, algumas vezes, até medo de dormir para não
sentir. É o seguinte, você está dormindo e de repente você acorda e tenta se
mover, abrir os olhos ou gritar, mas não consegue. Você ouve um zumbido
constante e um formigamento no corpo, uma sensação horrível, como se algo
tivesse te prendendo. Isso ainda não é nada. Por duas vezes até hoje, acreditem
ou não, eu me vi dormindo, e se alguém me dissesse isso eu custaria a acreditar se não tivesse, de fato, vivido
essa experiência. Todas as duas foram depois dos 20 anos. Na primeira vez, eu
estava sozinha em casa, eu dividia com um amigo e neste dia ele havia viajado e
eu dormi sozinha, e pra não me senti tão só eu coloquei um colchão na sala e
fiquei assistindo, acabando por adormencer, e quando dei por mim, eu estava
inacreditavelmente flutuando no teto, vendo o meu corpo estendido no colchão,
de bruços com uma das pernas levemente flexionada como de costume, e a minha
camisola azul, estava deixando o meu corpo à mostra. Quando vi, tomei um choque
e de imediato abri meus olhos, com medo de me mover, pensei: meu Deus, o que
foi isso? Eu quero ver como está minhas costas... virei levemente a minha
cabeça para o lado e vi o que eu não queria acreditar, minha perna estava
flexionada e a camisola havia subido como eu havia visto. Imediatente, acodrei
e comecei a ligar pra algumas amigas, pedindo pra irem dormir lá. Fiquei muito
assustada. Aquilo não saia da minha cabeça. Estaria eu tendo alucinações?
Sonhando? Mas era muito real...
Na segunda vez, eu estava
no meu quarto, e de repente eu estava novamente flutuando, foi muito rápido,
assim que me vi, fiquei assustada e acordei. Estava dormindo até de uma forma
engraçada, que só meus íntimos amigos sabem. Com medo, não consegui dormir
mais, corri pro quarto do meu amigo e disse a ele que havia acontecido de novo,
ele dizia que eu estava tenho pesadelos e nada mais, e que eu evitasse assistir
coisas que viesse a me impressionar.
Fora o medo, o que é
normal, temermos o desconhecido, era uma sensação engraçada, na verdade
indescritível. As sensações de antes, de tentar se mover, gritar e não
conseguir que tenho desde criança, não atiçou tanto a minha curiosidade quanto
essa de me ver domirndo, e fui atrás. Comecei a perguntar a alguns amigos, se
eles já se sentiram assim, e um deles me disse que sim, e que isso se chamava
projeção astral. Fiquei surpresa e aliviada, pelo menos não estava louca, ou se
fosse loucura, que eu não seria a única a viajar na maionese, ou melhor, no
astral.
Assim que soube disso,
corri pro computador e iniciei minhas pesquisas. Joguei este nome no nosso
querido de sempre, o Google, e fiquei "besta" com a quantidade de
inforamações que existia na rede sobre isso, e eu não era a única, eu era uma
das milhares e milhares de pessoas que provaram dessa experiência. Descobri que
existiam outros nomes e que existe um monte de gente doidinhos pra ter uma
única experiência dessa e ainda pagam e frequentam cursos para atingir o
desdobramento(até me achei..rs). Porque, segundo as pilhas de coisas que li,
algumas estimula, outras, como eu, ocorre de forma espontânea.
No caso, o que eu sentia
desde criança era apenas o início do processo da projeção astral, e eu percebendo
aquilo, impedia que ele fosse concluído tentando me mover. Mas, descobri se eu
sentir isso e deixar que a sensação continue eu posso ter um desdobramento
consciente e não só poder me ver, como sair andando por aí. Vi em milhares de
relatos, pessoas que visitam parentes distante, andam pelas ruas, rodam pela
casa. Relatos impressionante, difícil de acreditar. As sensações e os relatos
são parecidos, ou até mesmo idênticos com o que vivi até agora. Parece que
fique deslumbrada com essa descoberta, não é? Fiquei sim, mas com receio
também. E o curioso que isso acontece com pessoas do mundo todo e de todas as
crenças. Depois que começei a pesquisar, nunca mais aconteceu, e eu até prefiro
assim, não que eu não goste, mas dá medo.
Vou citar aqui um trecho,
que achei que tem tudo a ver com o que eu relatei aqui, do livro Trabalhadores do mar, do escritor
Victor Hugo, onde ele fala do
desdobramento de uma forma poética:
O sono está em
contato com o possível, que também chamamos o inverossímel. O mundo noturno é
um mundo. A noite é um universo. O organismo material humano, sobre o qual pesa
uma coluna atmosférica de 15 léguas de altura, chega a noite fatigado, cai de
fraqueza, deita-se, repousa; fecham-se os olhos da carne; então, naquela cabeça
adormecida, menos inerte do que se crê, abrem-se outros olhos, aparece o
desconhecido. As coisas sombrias do mundo ignorado tornam-se vizinhas do homem
ou porque haja verdadeira comunicação, ou porque as distâncias do abismo tenham
crescimento visionário; parece que as criaturas invisíveis do espaço vem
contemplar-nos curiosas a respeito da criatura da terra; uma criação fantasma
sobe ou desce para nós, no meio de um crepúsculo; ante a nossa contemplação
espectral, a vida que não é a nossa agrega-se e dissolve-se, composta de nós
mesmos e de um elemento estranho; e aquele que dorme, nem completo vidente, nem
completo inconsciente, entrevê as animalidades estranhas, as vegetações
extraordinárias, as cores lívidas... todo esse mistério a que chamamos sonho e
que não é mais do que a aproximação de uma realidade invisível. O sonho é o
aquário da noite.
Eu acredito. Acredito não
porque ouvi falar, acredito porque vivenciei, senti. A não ser que eu duvide de
mim. E nem tenho a pretensão de convencer a ninguém de acreditar, a minha
intenção é somente compartilhar. Cada um acredita no que quiser e no que lhe
convir. Deixando claro, que eu não frequento igreja nenhuma, não participo de
seitas, ou qualquer organização religiosa. Eu apenas acredito em Deus, na sua grandeza
e no poder do seu amor sem titubear.
Acredito também, independentemente de qualquer religião, na existência
do espírito, em vida depois dessa aqui. O universo guarda coisas que, talvez,
nunca descobriremos.
Será a verdade da carne incontestável? É só isso e pronto,
carne e pó, pó e carne? Eu penso que não, que a vida vai muito mais além do que
possamos supor.
Leila Oliveira
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