quinta-feira, 31 de maio de 2012

Andarilho



Ando por estradas sinuosas, com atalhos confusos e retas intermináveis. Onde às vezes me perco e é cansativo andar, mas sempre encontro algo no trajeto que me motiva a tocar a marcha. No caminho, o sol acaricia  a minha cabeça, a chuva me abraça, o vento me toca e o frio faz com que eu me envolva em meus braços pra que eu encontre calor no meu interior. Quando eles acontecem em equilíbrio é maravilhoso, mas quando faz mais sol do que chuva, ou mais frio do que calor, faz penar. Às vezes ando tanto, tanto, tanto... e antes que o desânimo me pegue surgem flores para alegrar os olhos, um rio para matar a sede e molhar meu rosto e se tem sorte pode haver passarinhos cantando para acalmar o coração. Sem  acomodar-me neste rio, sigo caminhando. Subindo ladeiras, chutando pedras, comendo poeira, sentando, resmugando... mas aí aparece uma casinha bonitinha, onde sou convidada a entrar. Tomo café, como um bolo e durmo numa cama bem fofinha. Sou bem recebida, mas é preciso caminhar. Não dá pra ter guarda roupa e cama, nada que se fixe, só uma mochila nas costas, pra que você leve ou deixe alguma coisa, nada de ficar. Dou as mãos ao tempo e ele me leva, e não adianta querer ficar para trás, ele te arrasta. E se você insistir em ficar vai doer, porque o tempo vai te puxar pela orelha e dizer: bora, bora logo! Ele é amigo como o vento, embora não o vejamos ele nos toca, assim como o vento molda as dunas, o tempo toca, moldando nosso rosto e deixando suas marcas. Companheiro invisível e  constante. E vou seguindo. Tomando carreira de bicho bravo, enganando-me com frutos venenosos, caminhando até a exaustão e, quando tudo parece está de mal com você, você encontra na beira da estrada uma árvore grande, com uma sombra bem gostosa, pra que você encoste nela e descanse, mas só pra descansar, nada de ficar. Bora andando, a estrada não acabou, há muita coisa pra ser vista e sentida, há muitas risadas a serem dadas e lágrimas pra rolar. Ô, vida alegre! Ô, vida triste! Chega até ter graça. E não  importa o que aconteça, sempre haverá motivos para continuar e vez ou outra, verá que a vida vale a pena ser sentida.

Leila Oliveira

Um comentário:

  1. Não podemos parar,mesmo que a tristeza seja tamanha , não podemos parar só por estar feliz demais. Seguir o que se acredita é o que me impulsiona.

    Belo texto, bjs!

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